- Eu queria ser tanta
cousa...
- Eu queria ser pura,
- ...e a pureza se foi.
- Eu queria ser sabia,
- ...e a sabedoria não veio.
- Eu queria ter fé,
- mas a incredualidade não
me abandona.
- Eu queria ser compreensiva,
- mas a intolerância mora em
mim.
- Eu queria ser justo,
- mas não sinto a justiça.
- Eu esperava confortar,
- mas vivo a espera de
conforto.
- Eu queria sonhar,
- mas os meus sonhos não se
fecham a realidade.
- Eu queria ser
misericordiosa,
- mas o perdão não existe
em mim.
- Eu queria ser simples,
- mas o orgulho cega-me.
- Eu queria ser integro,
- mas sou venal.
- Eu queria ser piedosa,
- mas sou implacável.
- Eu queria amar,
- mas o egoismo não deixa.
- Eu queria ser paciente,
- mas exaspero-me a toa.
- Eu queria semear alegria,
- mas impregno tristemente
todas as coisas.
- Eu queria decidir,
- ...e o medo prosta-me.
- E a serenidade que sonhei,
- ...fugiu!
- E a esperança que tive,
- ...perdi-a!
- E a coragem que tive,
- ...nunca chegou!
- E o medo, que pensei que o
tempo levasse,
- agiganta-se a cada dia
dentro de mim.
- Eu queria viver muito...
- mas morro ainda jovem,
pouco a pouco,
- a cada minuto, a cada
instante, lentamente,
- aniquilando primeiro o
espirito, depois o intelecto
- e por fim o corpo fisico.
- Eu quiz tudo,
- e não tive nada.
- Eu quiz dar-me,
- Eu não me encontrei.
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